Bem Vindos!

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UFOLÓGICO / ASTRONÔMICO/ CIENTÍFICO

domingo, 25 de outubro de 2015

A QUESTÃO DO SATÉLITE NA VIGÍLIA

Introdução
Um aspecto que há muito desperta o interesse dos Ufólogos é a controvertida possibilidade de se avistarem satélite artificiais em certas horas e condições. Evidentemente para os "experts" em astronáutica e astronomia tal assunto não apresenta dificuldade. No entanto temos notado que com o advento cada vez maior da vontade dos pesquisadores, em adquirir postura objetiva e científica, mormente perante depoimentos de testemunhas de alegados avistamentos ufológicos, o problema vem oferecendo alguma barreira, principalmente para fins de registro e análise. Nos últimos eventos de que participamos fomos abordados por colegas desejosos de trocar idéias a respeito do tema. Isso nos inspirou a elaborar esta pequena contribuição. Baseamo-nos em noções elementares de astronomia e fomos buscar em compêndios de astronáutica as informações que aqui passamos.
Muitos ufólogos já depararam com depoimentos de pessoas, que avistaram um pequeno ponto de luz varando os céus em trajetória retilínea, sem os característicos movimentos do UFO. Partindo da premissa de que tal objeto se manifestou fora da atmosfera, como temos certeza absoluta de que se tratava de um dos satélites artificiais que rodeiam nosso planeta? De que forma poderemos considerar o número da dados para registra-lo em termos de possibilidades, de que se tratava ou não de um UFO? É o que tentaremos estudar.
Durante o texto, o leitor encontrará alguns termos científicos, mormente usados em astronomia, pelo que segerimos a consulta de um pequeno glossário ao final do trabalho, correspondente á numeração aposta no próprio texto. Como o assunto é de direto interesse do pesquisador em Ufologia, recomendamos a leitura das obras especializadas, que dão destaque a satélites artificiais, para maior entendimento. Algumas delas estão relacionadas na rápida bibliografia, ao final deste trabalho.
Peço, finalmente, licença para dedicar o presente a dois pesquisadores que representavam, segura e responsavelmente, alinha científica da Ufologia brasileira: a Carlos Alberto Reis e Jaime Lauda, com meu abraço.

O que é uma Vigília?

Certa ocasião, alguém ergueu o dedo num auditório e lançou a pergunta - "Afinal, qual a finalidade das tais vigílias?" - A resposta é óbvia. Vigília é um período de tempo escolhido pelo pesquisador para, em determinado local, observar manifestações de caraterísticas ufológicas, e colher dados que justifiquem um alegado índice anormal de aparições. O ouvinte, desejoso de informações acadêmicas, retrucou logo; "Em suma, vocês são uma turma de loucos que vão para o mato caçar disco voador". Em princípio ele teria razão. Não se pode lançar mão da vigília com a única finalidade de avistar um UFO. Ela tem utilidade bem ampla. Muitos depoimentos originam-se da confusão que o mal informado faz quando avista um fenômeno natural pouco comum e principalmente ao observar fenômenos artificiais de apresentação à primeira vista indefinível. É o caso de automóveis e tratores no alto de serras e, ao mais das vezes, dos Satélites Artificiais. A vigília é oportunidade para se registrarem, além de outras, aparições de engenhos conhecidos e ocorrências naturais, que possam ser confundidos com Objetos Voadores Não Identificados. Método científico é o comparativo, quando checagem de informações precisas é importante e podemos concluir por uma coincidência de dados.
Comum avistarmos o nascimento de um astro no horizonte, onde o espetáculo é notável em períodos de atmosfera carregada, que funcionando como lente, torna o brilho da estrela bastante ampliado. Munidos de uma carta estelar, sabemos que a tal hora e em tal posição, tendo como um ponto de referência algum acidente geográfico ou topográfico, uma estrela, "X", surgiu no céu observável. A evidência do fenômeno pode impressionar um leigo, que julga ter sido testemunha de uma aparição ufológica. A má informação torna tão frágil a impressão do observador, que confusões assim são mais comuns do que se supõe.
Temos registros de pessoas que juram ter avistado discos voadores, que no entanto eram automóveis em estradas isoladas, invisíveis à noite. De "contatados" que se comunicaram telepaticamente com tocos de árvores pegando fogo no pasto (como conta de maneira hilariante o pesquisador brasileiro Roberto Beck) e assim por diante. Ocorrências astronômicas são mais comuns em casos de confusão. Nós mesmos, com nossa equipe, fomos vítimas da estrela Alfa da Constelação do Centauro, quando o fator emocional nos jogou num verdadeiro e constrangedor frenesi, diante da possibilidade de estarmos avistando um enorme UFO, que ao telescópio apresentava-se como duas bolas unidas (1). Diga-se de passagem que a "famigerada" explicação dada pela USAF (2) a avistamentos de UFOs, como se fossem observações do Planeta Vênus, à época do Projeto Livro Azul, não era tão desrespeitosa. Vênus já fez congestionar nossos telefones por inúmeras vezes.
Os trabalhos na vigília não se restringem à observação noturna. O dia deve ser utilizado para colherem-se dadas de eventuais observações da noite anterior, perante pessoas da cidade e do meio rural circundante. Pelo método comparativo, o avistamento de um UFO no mesmo sítio do espaço, à mesma hora e de idênticas características visuais ao nascimento do nosso astro "X", cai diante da probabilidade de se ter observado o tal astro, que é praticamente de cem por cento.

O Satélite Constante Intruso

Durante uma vigília, qualquer coisa que se mova no espaço paralisará nossos nervos. A parte aviões, que ao lado de fenômenos naturais devem ser objeto de outro estudo, vamos nos ater aos satélites artificiais. De pronto o caro leitor perguntar-se-ia se há uma maneira segura de se afirmar se um ponto de luz em movimento a grande altitude não se trata de um UFO. É claro que não. Mas a finalidade deste trabalho é descobrir a fórmula de um processo eliminatório, portanto específico aos horários e condições prováveis de observação de satélites.
Sou compelido a tecer um comentário importante: Sempre que um fato ufológico movimenta a Imprensa, a tendência é solicitar o parecer de um astrônomo. Nada mais certo à primeira vista, levando-se em conta a possibilidade de ter ocorrido a confusão com um evento astronômico. Mas não se justifica ao extremo. Foi astrônomo quem nos chamou a atenção para isso (3). O incidente UFO é acontecimento de baixa altitude (estatísticamente falando). O astrônomo quase sempre observa um sítio certo do espaço, tendo o seu telescópio regulado num campo restrito, com o foco direcionado para distâncias imensas fora da atmosfera. Caso um Objeto cruze a frente de seu telescópio, o que já seria rara coincidência, provavelmente o estudioso sequer o notaria, em virtude da distância focal. Ademais não vemos outros fatores que justifiquem ao astrônomo opinar sobre UFOs, somente porque se tratam de eventos cuja característica é o vôo. Enfim, os acontecimentos elementares de astronomia são necessários ao ufólogo. A recíproca talvez não seja imprescindível.
Vulgarmente os satélites, em termos visuais, são pontos de diversas intensidades de brilho cruzando o espaço em linha características conhecidas dos aviões, entre elas as do vôo "por instrumentos". Podemos acompanhar a trajetória de satélites de variados tamanhos e brilhos. Esses silenciosos caminhantes espaciais tomaram conta do céu a partir de 4 de outubro de 1957 quando o Sputnik (4) abriu a leva de engenhos artificiais colocados em órbitas da Terra. Um cálculo nada exageração afirma que em média coloca-se um satélite em órbita por semana.

Diversos países tem tecnologia propícia à farta utilização de satélites artificiais, como EUA, França, Holanda, Canadá, Itália, China, etc. Suas destinações, além de bélgicas, são inúmeras Comunicação (como a rede Intelsat), por canais que substituem, mais propriamente, todos os cabos submarinos: meteorologia, com destaque à previsão do tempo via TV, avisos sobre furacões e tempestades: cartografia; informações sobre colheitas e pragas: distribuição de águas de superfície: indicação de poluição de água e ar:: navegação: medições astronômicas e outras infindáveis pesquisas de astronomia, mormente após a colocação de telescópio infravermelho fora da atmosfera. São tantos os satélites, parte deles visível a olho nú, que alguns acordos aéreos entre Potências foram firmados com o lançamento de satélites de controle do tráfego aéreo para regularizar a segurança nos ares.
Que nenhum Ufólogo se assuste quando observar, o que não é raro, vários satélites cruzando os céus simultaneamente na mesma trajetória, como verdadeira esquadrilha. Até o fim do primeiro semestre de 1983, portanto em cerca de vinte e cinco anos, treze mil e quinhentos satélites foram lançados, com a utilização de 2.230 foguetes (que também levaram ao espaço lll pessoas).

Um Comportamento Estranho

Intrusos e de estranho comportamento, os satélites surgem de surpresa, logo após o horizonte ou manifestam-se de repente em pleno céu, quase no "Zênite" (5). Outra característica de sua invasão da abóbada celeste é a impressão que dão de, aos poucos, irem diminuindo sua luminosidade, como se "apagassem sua luz", até desaparecerem em pleno espaço. Diante de tais casos, espantamo-nos porque juramos que nenhuma nuvem, por tênue que fosse, pudesse ali estar para escondê-los. Os satélites se cruzam à nossa vista, em rotas perpendiculares e oblíquas entre si.

Como sabemos, boa parte não é eternamente aproveitável. Apesar do muito espaço que existe à órbita do planeta, o número de objetos e artefatos artificiais é tão grande que o perigo de colisão existe. Basta lembrarmos que os acidentes de avião seriam ilógicos se considerássemos a vastidão do espaço aéreo. No entanto ocorrem. Outro exemplo é a imensidão dos oceanos, onde independentemente disso acontecem amiúde colisões entre embarcações. Um cálculo de previsão para 1985 foi elaborado por Vladimir Chobotov, da Corporação Aeroespacial de El Segundo, Califórnia. Ele calcula a probabilidade de 50% de colisão para um objeto de 50 metros a seu raio, colocado em órbita circular de baixa altitude (6), com objetivo de permanência no espaço de mil dias. A época dessas contas 1983 o estudioso lembrou que em volta da Terra já existiam cerca de cinco mil artefatos perceptíveis por radar.
Dezenas de explosões no espaço, sem dúvida atribuíveis a choques entre satélites, foram e são detectadas. Algumas não são meramente acidentais, mas programadas, provocadas por satélites destinados à destruição de outros espiões. É a "guerra nas estrelas", hoje tão comentada. Toda uma festa no céu só tende a esquentar, considerando-se as inúmeras utilidades da ocupação espacial. Se nós Ufólogos acharmos que a tendência é tornar-se mais fácil o trabalho para analisarmos avistamentos de OVNIs, enganamo-nos. A cada dia que passa mais e mais fatores estarão complicando nossos céus, provocando confusões e enganos.
Parte dos corpos que circulam ao redor do mundo são meros calhaus espaciais, como peças de equipamento e destroços de corpos arrebentados. Algumas das explosões registradas são perfeitamente identificáveis, pois é público que a Rússia propositalmente costuma destruir seus próprios aparelhos, como fez com algumas estações da série Salyut, que eram equipadas com instrumental útil. Outras explosões só podem ser atribuídas a choques entre satélites, pois que, por exemplo, grande parte deles descreve órbita relativa à região polar, para não sofrerem tantol a ação de correntes magnéticas e do cinturão de Van Allen.
Certos corpos mais importantes, pelo custo e destinação, que explodiram, tiveram sua destruiçÃo mais notável, como o Skylab, o Cosmos 1402, o Cosmos 1275, o Explorer 36, o Cosmos 954, o Pageus. Quando não são estilhaçados por colisão ou destruição provocada, sofrem avarias e, perdendo força, não conseguindo manter-se em órbita, precipitam-se naatmosfera, partindo-se na reentrada em dezenas de pedaços. Este é outro fenômeno que pode surpreender numa noite escura e estrelada, causando confusão em OVNIs. Após bater na massa de ar, o satélite perde velocidade e se fragmenta, bombardeando o solo. Se alguém teve oportunidade de testemunhar a reentrada da atmosfera de um aparelho como o Cosmo 1402, deve ter observado um espetáculo digno de registro, pois ele tinha 14 metros de comprimento. Usava um reator nuclear de propulsão, abastecido com carga de 45 quilos de urânio.
Óbitas e Observações Em termos vulgares, velocidade angular é a relativa ao ponto de observação. Os satélites de órbitas próximas (cerca de 200km. de altitude), a[resentam a mesma velocidade angular de um avião voando a grande altitude. Messes casos fica mais difícil distinguir um do outro, mas muito raramente não conseguiremos notar a luz piscante do avião, mormente se estivermos munidos de um modesto binóculo. Aqui uma sugestão é cabível: Sempre que acompanharmos a trajetória de um ponto de luz, procuremos observar a sua passagem no espaço zênite ou à nossa frente. Em se tratando de avião, seguramente notaremos sua luz característica. Os intervalos entre as piscadas são quase regulares.
Não confundir, entretanto, com uma nítida variação de brilho nos satélites, que pode ser registrada. Certos artefatos oscilam sua luminosidade, mormente quando são alongados e giram em torno do próprio eixo. Porém o problema de órbita é a chave do nosso estudo. Inicialmente, a velocidade de vôo de um satélite para a órbita é imprimida de modo que a força centrífuga seja exatamente igual à força gravitacional (atração) do planeta. Se por acaso um corpo fosse colocado a pouca altura de vôo, conseguiria dar a volta ao mundo em uma hora, 24 minutos e 25 segundos a uma velocidade de 7,91km/ segundo, mas na prática não completaria sua volta em virtude da resistência do ar. Para que um satélite complete uma volta ao redor do mundo, deve ser colocado em órbita de no mínimo 160km de altitude, a partir do que a resistência do ar torna-se cada vez menos forte até que a última camada da atmosfera (7) seja ultrapassada.
Dependendo da área de superfície a ser coberta, os satélites são colocados estrategicamente em altitude e rota predeterminadas. Tais rotas podem ser modificadas se os artefatos contarem com um foguete próprio que os impulsione para a direção da órbita desejada. O primeiro ponto a ser pois levado em conta, de maiores possibilidades de observação, é que os habitantes de regiões limítrofes ao Equador são mais privilegiados. Isso porque, existindo em maior número e voando a altitudes mais baixas, portanto sendo mais brilhantes, os satélites de comunicação são postos numa órbita sobre o Equador. Nesses casos a óbita descrita é quase sempre arredondada, observando-se que o aparelho é de relativa baixa altitude. Fácil pois de, situados em um ponto fixo de período de observação constante, podermos sempre arredondada, observando-se que o aparelho é de relativa baixa altitude. Fácil pois de, situados em um ponto fixo de período de observação constante, podermos sempre á mesma hora da noite registrar a passagem de um satélite, num mesmo sítio.
Quase nunca veremos satélites antes do por do sol, já que nossa estrela faz incidir seus raios à nossa vista, causando o azulado e a clareza do ceú diurno, cortando as condições de observação do espaço, tornando a atmosfera opaca. Lembramos no entanto que as noites são mais curtas no Hemisfério Sul (o nosso), no início do verão (21 de dezembro) (8). A partir de 20 de Março, os dias e as noites tem igual duração e todas as regiões da Terra (9), no início do outono. As noites são mais longas que os dias a apartir de 21 de junho. Assim é no Brasil, estando nós no chamado solstício. Os raios solares não atingem o Polo Sul e é sempre dia no Polo Norte. Daí a razão da longevidade das noites em países como o Brasil, situados na banda sul do globo. A duração do dia e da noite torna a ser idêntica em 22 de setembro quando o sol volta a atingir o Equador. É o equinócio e o início da primavera no Hemisfério Sul. Quanto á duração do dia e da noite (10), as considerações acima foram descitas apenas para escolha de épocas mais propícias à vigília. Ora, dia por dia, devemos observar cálculos astronômicos, que aqui não são cabíveis. O fato é que poderemos ver mais satélites nos Dias de noite mais longas. Em resumo e empiricamente: No verão, o "dia" tem mais de 12 horas e a "noite" menos de 12 horas. No inverno, o dia tem menos de 12 horas e a noite dura mais que 12 horas. Voltando ao problema das órbitas, outros satélites não as descrevem circulares, mas alongadas, elipsoidais, dependendo da velocidade de impulso. A medida que essa velocidade difere quando do lançamento, a órbita pode ser mais ou menos alongada. Nessa situação (até um limite de velocidade para que não ocorra o escape (11) em períodos constantes do mês o satélite será mais visível em uma região fixa, menos visível em outras (á medida que a elipse abre) e invisível nas demais. Podemos imaginar o denômeno considerando a Figura, quando em "A"temos o "Perigeu" (ponto mais baixo, próximo da Terra) e em "B" o "Apogeu" (ponto mais alto ou distante da Terra). Visualmente notamos por vezes nítida diferença de velocidade aparente (ou angular) dos satélites. Comparando-se a força gravitacional do planeta com a força centrífuga obtida pela velocidade, quanto mais distante ele voar menor será a velocidade exigida para que se mantenha em órbita. A velocidade a ser imprimida depende portanto da altura do vôo e não da massa do artefato. Conclusão: os satélites que observamos mais rápidos estão mais baixos que os mais "vagarosos". Ocorre que o tamanho e o brilho influem no nosso registro visual, daí em certas ocasiões julgarmos que um ponto de luz quase imperceptível e rápido está mais alto do que o outro mais brilhante e grande, quando na verdade dá-se o inverso.
Alguns exemplos de órbitas circulares:
Altitude (+ ou -) Velocidade aproximada
220 km 7,8 km/seg.
1000 km 7,4 km/seg.
10.000 km 4,9 km/seg.
Outro engano que sempre ocorre nos meios ufológicos é o de que nenhum satélite pode voar em sentido contrário ao de rotação da Terra. Mas isso é possível. Nem todos os satélites seguem o sentido de trajetória Leste para Oeste. Para entendermos o porque, devemos aproveitar e ver outros tipos de órbit: o plano orbital desses artefatos formam ângulos com o plano do Equador. Tais ângulos determinam a "inclinação da órbita". Coincidindo ambos os planos (portanto de ângulo de inclinação zero), o satélite está traçando uma trajetória "equatorial". Se o ângulo de inclinação é de 90 graus, está voando em trajetória "polar", sobrevoando ambos os polos terrestres. Então como se entende pela Figura 2, se certos satélites são disparados com trajetória de ângulo de inclinação superior a 90 graus, movem-se em sentido contrário à rotação da Terra. Vamos vê-los aparecendo a oeste e desaparecendo a leste. Isso se chama, em Astronáutica, "trajetória retrógrada".
Mais duas órbitas "exóticas" interessam ao Ufólogo, pois o leigo não sabe o que ocorre. Se pudéssemos notar visualmente um satélite situado a 35.800 km. de altitude, o seu período orbital (12) seria de 23 horas e 56 minutos, ou seja, a duração média de um dia, que é o período de rotação da Terra. Assim o satélite giraria na mesma velocidade em que a Terra gira sobre seu eixo, apenas mantendo-se em grau de latitude (13). O observador, em solo, vê-lo-ia descrevendo em "oito", no céu, tanto mais alongado quanto maior fosse seu plano de inclinação ao plano do Equador), o "oito" ficará reduzido a
um ponto. Virtualmente o satélite será fixo, latitude e longitudinalmente. Sempre estará "parado" no mesmo ponto. É o conhecido satélite estacionário. E não é planeta, nem estrela ou sequer um UFO.

Movimento nos Céus

Á nossa vista, tudo lá em cima se move. O movimento aparente se dá devido à rotação da Terra e do trajeto que nosso planeta desenvolve no espaço, acompanhando o Sol ao redor dele. Além dos meteoros e bólidos, acabamos por nos acostumar à observação de tal modo que notamos nitidamente a rota que um certo astro descreve, desde que surge, mormente se tomamos outros, como pontos de referência.

Já que falamos em rotas de satélites, devemos discutir rapidamente a base disso. A Rotação da Terra. O movimento das estrelas, á noite, dito aparente, é notado de leste para oeste, dessa forma "retrógrado", ao de rotação do mundo. A rotação acontece de oeste para leste, sobre o próprio eixo. Devido `rotação, o polo celeste sempre se desloca relativamente às estrelas, ao contrário da invariabilidade das direções dos pontos cardeais no horizonte. Daí a posição dos astros nos ceús, varia, mormente porque devemos levar em conta que o eixo da Terra se movimenta, o que podemos visualizar se imaginarmos que ele desenha, por sem movimento, um cone ondulado. Esse eixo também se move relativamente ao próprio globo terrestre - daí as mudanças, no espaço, das posições dos polos.
Finalmente, a velocidade com a Terra gira varia irregularmente. Assim temos condições, para efeiuto de registro, de notar passagens de satélites de acordo com pontos cardeais e direção. Uma boa sugestão é o procediemnto que de há muito adotamos. Ao avistar um satélite, o pesquisador deve anotar o horário e a trajetória. Facilita muito a comparação, se pudermos posicionar o artefato, relativamente aos astros. Desde o momento que surge, a direção em que segue (principalmente se passar por uma constelação que o leigo conhecer), e o momento e posição em que desapareceu.
Podemos nos munir de cartas estelares fartamente encontráveis em quaisquer livrarias. Elas dão a posição dos astros dia a dia, por todo um ano. Demonstram-nos o movimento aparente deles, aqueles que são visíveis ou não, conforme períodos. Por vezes são acompanhadas de efemérides que nos interessam como previsões de chuvas de meteoros.
Através delas conseguiremos traçar a rota de satélites, com base na posição dos astros e na direção das constelações. Evidente que não possuimos sempre às mãos meios para anotar invariavelmente Qual satélite foi avistado e de Prever a trajetória de todos eles. Para os mais exigentes existem tabelas de posições dos satélites em seus giros orbitais, mormente para os pilotos que utilizam o sistema de navegação por satélites. Se o Ufólogo tiver condições e conhecimento para tal, tais tabelas são elaboráveis com antecedência, por previsão matemática. Como se vê, neste aspectos a coisa muito se complica. Afinal, as velocidades de satélites são significativas para que eles se desloquem consideravelmente em um milésimo de segundo. Se escolhermos por determinar a posição do satélite de maneira mais segura tecnicamente, vamos depender de alguns fatores a posição é dada pelas estações de rastreamento, dependendo de técnicas de cálculo, dos níveis dos imprevisíveis efeitos que influem no comportamento do artefato, como desvio ocasionado pela fricção do ar (em caso dos que voam a baixa altitude), etc. Mas, dependendo das possibilidades de cada um... tudo se move no espaço.

Satélites, a Todo Instante?

Em condições boas de observação, ou seja, céu sem nuvens e sem lua, sempre temos chance de testemunhar as trajetórias dos satélites, mas há uma espécie de limite de horário. E, esse sim, talvez seja o trunfo que nos sobre para, pelo menos com boa margem de probabilidade, sabemos se estamos ou não avistando um UFO.
Outro conceito astronômico vem de nos oferecer a base de procedimento para a distinção que desejamos. Ocorre um efeito provocado pela Terra e pelo Sol: Quando um grande objeto é iluminado por outro grande objeto, formam-se posteriormente ao corpo iluminado duas áreas, no espaço - O chamado Cone de Sombra, extensão que não recebe nenhuma luz da fonte. É óbvio, a fonte de luz é o Sol (estrela de luz própria) e o corpo escuro iluminado é a Terra. E o conhecido Cone de Penumbra, que recebe pouca luz, apenas de alguns pontos da fonte luminosa.
Consequentemente, na superfície da Terra que pertence à parte não iluminada temos Região de Sombra própria e na superfície cujos raios são fracos, pouco iluminada, temos a Região de Penumbra própria. Vide a ilustração na Figura 4. São essas duas regiões que os satélites penetram ao voar em torno da Terra. Ao penetrar no cone de penumbra, o artefato recebe pouca luz para refletir e o efeito, no espaço, é como se fosse diminuindo a luminosidade, até se "apagar" em plena rota, quando passa para o sítio espacial totalmente despovido de luz, o cone de sombra, a sombra total da Terra.
A noite, vemos satélites mais ou menos brilhantes, dependendo do tamanho e altitude. Não seria necessário frisar que se são visíveis é porque reletem luz solar, mesmo à noite. Devido à órbita, estarão refletindo os raios do Sol nas primeiras horas da noite, pois que o observador estará na REGIÃO DE PENUMBRA (superfície de imperceptível penetaração da luz solar). À medida que o artefato se dirige para o cone de sombra, desaparece.
Já vimos que as direções de órbitas são variadas. Assim é que se a linha da rota não passar pelo cone de sombra, veremos o aparelho varar de um horizonte a outro. Se a linha de rota coincidir com a "eclíptica" (14), não notaremos o satélite., Em resumo, a observação do satélite só é possível em virtude do cone de penumbra, para nós que estivermos em certos horários situados na região de penumbra.
O maior brilho deve-se também à luz difundida na atmosfera da Terra, que incide sobre eles. Claro que esses fatores não limitariam nossa observação para objetos de enormes proporções, de grande poder de reflexão, que se situassem em órbitas extremamente elevadas. Nesta hipótese consideraríamos os mesmos fenômenos que nos permitem avistar a Lua independentemente da hora da noite. Porém os objetos que nos sobrevoam não são tão grandes.
Melhor entendendo, avistamos satélites de proporção considerável situados em órbitas de até mais ou menos 1.000 km de altitude: satélites pequenos, voando a mais ou menos 200 km.
Devemos sempre considerar NOSSA entrada na REGIÃO DE PENUMBRA e na REGIÃO DE SOMBRA (repetindo, regiões de superfície onde nos encontramos), quando cai a noite. Em horários de noite mais adentro, estaremos na região de sombra, e o CONE DE SOMBRA no espaço impedirá a reflexão da luz solar pelo satélite e não o veremos. Isso em virtude das baixas órbitas, que nos limitam de vê-los. Óbvio - à medida que a região de penumbra se afasta de nós quando nossa posição adentra a de sombra, o ângulo do cone de penumbra se vai abrindo e a região do espaço que ele cobre é tanto mais fechada quanto mais próxima da superfície.
Os objetos próximos (satélites) estão mais sujeitos a ser apanhados pela penumbra e pela sombra ao passo que os mais distantes ou não penetram em nenhum dos cones, refletindo luz durante boa parte da noite, ou mesmo que penetrem serão avistados até horários mais tardios (Lua, por exemplo). Há dessa forma um limite de horário a partir do qual não veremos comumente satélites.
A alternância do dia e da noite, portanto a duração de cada um (mais da noite, que nos interessa) é, em Astronomia, medida de TEMPO SOLAR. O dia verdadeiro é registrado a partir de meia-noite, zero-hora. Tomemos para exemplo o período de verão, quando as noites são mais curtas: Já notamos que na primavera e no verão o dia tem mais de 12 horas e a noite menos de 12 horas. No inverno e no outono dá-se o contrário. Durante os dias de verão, o Sol nasce muito cedo e se põe tarde. Geralmente nasce por volta de 5h 30min (hora do fuso). Põe-se mais ou menos às 18h 30min.
Lembrando-nos das considerações acerca das órbitas e tamanhos dos satélites observáveis, a partir do instante que nossa posição se transformar em região de penumbra, as estrelas aparecerão e o tempo ficará escuro; já poderemos esperar os satélites. Durará cerca de duas horas e meia até que nos situemos em região de sombra. Daí por diante não mais veremos os satélites observáveis. Nos dias de primavera e verão, nossas possibilidades estender-se-ão pois até perto das 21 horas. No inverno, durando a noite mais de 12 horas, o Sol nasce cerca de 6h30m e se põe por volta de 17h 30min. Com o mesmo raciocínio anterior, poderemos ver satélites atré próximo das 20:00 hs.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

Para aqueles que costumam permanecer de vigília até que o Sol volte a raiar, é bom lembrar que o DIA começa à meia noite, zero-hora. Tudo volta a pesar com a mesma média de tempo antes do Sol nascer, quando voltaremos a vislumbrar satélites até que da claridade volte a ofuscar o espaço. O fato é que os satélites são eclispsados, e dependendo da altitude, capacidade de reflexão, órbita e tamanho, sofrem os mesmos efeitos visuais dos astros.
Referimo-nos, por exemplo, à Lua. Os eclipses lunares nos dão maior clareza de entendimento, pois a Lua está sujeita à incidência dos cones. Caso a órbita da Lua corresse no mesmo plano da Terra haveria eclipses amiúde. Ocorre que a Lua e a Terra têm suas órbitas em planos inclinados, daí mesmo em conjunção (mesmo plano em linha reta entre a Terra e o Sol) ele passa pouco abaixo ou pouco acima do Sol. Identicamente, quando a Lua está em posição, não entra no cone de sombra mas passa abaixo ou acima dele, sendo sempre visível sem escurecer.
Aos que não entenderam o porque de não vermos satélites, quando eles mergulham no cone de sombra, devemos informar que, quando eles mergulham no cone de sombra, devemos informar que, durante os eclipses, a Lua pode levar até duas horar para sair do mesmo cone, cujo diâmetro lhe é bem superior.
Outra dúvida restaria ao tratarmos dos tipos de órbitas desenvolvidas por satélites. Não nos referimos às órbitas sincrônicas com o Sol. Tais trajetórias, estabelecidas com o máximo de precisão exigida, evitam que o artefato entre no cone de sombra. Ele sempre estará iluminado pelo Sol, mas a nossa posição geográfica, quando se tornar região de sombra, já estará longe do aparelho e não o veremos em virtude da distância, ou seja, o seu brilho não chegará até nós.
Os satélites mais visíveis, em virtude do seu poder de reflexão, são os construídos com uma espécie de plástico metalizado, semelhante ao dos balões de estratosfera. São infláveis e têm quase a mesma função de balões científicos de estudo atmosférico a altitudes elevadas. Alguns bem famosos assustaram muita gente à noite, como os da série "Echo", de dimensões incríveis, com cerca de 40 metros de diâmetro. Ao lado da série "Telstar" se constituíram bons pontos de observação visual, apesar de relativamente pequenos.
Autor: Ubirajara Franco Rodrigues.
BIBLIOGRAFIA
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MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas, "Da Terra às Galáxias", Ed. Melhoramentos, Brasília, 1977.
MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas, "Anuário de Astronomia", Ed. Francisco Alves, RJ - 1985.
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TROEBST, Coud-Christian, "A um passo da Lua", Ed. Boa Leitura S/A, SP-SP.
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REVISTA "Ciência Ilustrada"d, nº 09, julho/83, Ed. Abril.
REVISTA "Popular Science", nº 05, janeiro/83, Novo Grupo Ed. Técnica Ltda - SP.
Fonte: CUB •
Por Ubirajara Franco Rodrigues - Este texto foi elaborado por volta de 1990, se não me engano.
É que à época os tipos, classificações e séries de satélites eram outros.
Uma contribuição aos investigadores de campo

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