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terça-feira, 14 de abril de 2015

Teosofia e as origens do homem



Helena Petrovna Blavatsky

“Origem divina não quer significar aqui uma revelação de um Deus antropomórfico, no alto de uma montanha no meio de relâmpagos e trovões; mas, segundo entendemos, uma linguagem e um sistema de ciência transmitidos à primeira humanidade por homens de uma raça adiantada, tão elevada que aparecia como divina aos olhos daquela humanidade infantil; em uma palavra, por uma “humanidade” proveniente de outras esferas.”
O texto acima faz parte do livro “A Doutrina Secreta – Vol II – Simbolismo Arcaico Universal”, escrita pela russa Helena Petrovna Blavatsky (HPB), uma das principais referências da teosofia moderna. Diga-se moderna porque não é um termo novo, pois já era mencionado por filósofos gregos como Amônio Saccas e místicos medievais como Jacob Boehme.

Às vezes equivocadamente traduzida como “sabedoria de Deus”, a teosofia na verdade traz o conceito de sabedoria divina (na Índia conhecida como Brahma Vydia), aquele conhecimento que é comum a todo universo e de onde as religiões e filosofias vão buscar suas inspirações.
Para se ter uma ideia do quão polêmicas foram as afirmações de Blavatsky na época, segue um trecho da edição brasileira de A Doutrina Secreta:
Convém recordar que, quando publicado pela primeira vez, na Inglaterra, (1888) o colonialismo vivia seu período áureo. O universo, na visão de muitos, tendia para se tornar uma máquina sem alma, idêntica às que os homens construíam para suas fábricas. Esse espírito refletia-se na rígida moral vitoriana, na casaca preta e no colarinho engomado, na cartola esguia como uma chaminé fumegante, nos espartilhos e saias amarradas.
Sociedade Vitoriana
Contrariando as publicações científicas na época sobre as origens do homem, Helena Blavatsky sugeriu que não, o homem não era descendente dos símios e sim o contrário, causando grande rebuliço no meio intelectual e gerando atitudes hostis contra a sua pessoa.
HPB acreditava que os primatas eram na verdade o resultado do cruzamento do homem primitivo com animais extintos há milhões de anos, uma espécie de degeneração do modelo humano. Por muito tempo essa afirmação foi ridicularizada pela comunidade científica. Mais recentemente, a descoberta de fósseis com características humanas e mais antigos do que se esperava, tem colocado em xeque a teoria darwiniana.
Abaixo, um trecho de uma reportagem feita pela revista Galileu:
“Blavatsky, que morreu em 1891, era contrária à seleção natural de Darwin. Para ela, a evolução humana se dera a partir de "seres elevados espiritualmente". Em seu apartamento em Nova York, que dividia com Olcott - em quartos separados - ela tinha na sala um babuíno empalhado, com óculos, colete, fraque e gravata, portando sob um dos braços um volume de A Origem das Espécies, de Darwin.”
Sugestão da Evolução dos macacos.
Mas, se Darwin estava errado, de onde surgiu o homo sapiens?
Segundo Blavastsky, o universo é pura vibração ocorrendo em vários níveis dimensionais onde a manifestação se dá dos níveis menos densos (etérico, astral, etc.) para o mais denso (físico). O que observamos com nossos sentidos comuns seria apenas a ponta do iceberg de um processo intrincado onde experiências se compartilham numa malha infinita de interações. (Vide Teoria das Cordas e a Ordem Implícita de David Bohm)
Importante ressaltar, e isso é de extremo interesse, que na visão teosófica o universo não está cheio de vida, mas ele é a própria vida em movimento. Não a vida biológica que conhecemos, mas o incansável impulso para a manifestação da forma em todos os níveis.
Muitas pessoas, por exemplo, já fizeram a seguinte pergunta: “Ora, se existe vida e seres inteligentes em outros planetas, quem os criou?
Podemos perceber primeiramente que essa pergunta cai no erro clássico de se basear nas ditas “escrituras sagradas” onde se afirma que Deus criou o homem e a mulher aqui na Terra e ponto!
Essa possibilidade é absurda, considerando que só na nossa galáxia existem bilhões de estrelas e o universo (visível) tem bilhões de galáxias! Inclusive, foi dito por alguém a seguinte frase: “Se estamos sozinhos neste planeta, então o universo é um grande desperdício!”. Pois bem, se seguirmos o raciocínio da pergunta anterior, chegaremos a conclusão de que Deus foi incompetente em sua criação.
Lemuria Teosófica.
A partir do momento que entendemos que esse impulso vital esta em toda parte, torna-se impossível explicar o surgimento da vida em todos os pontos do universo, simplesmente porque cada situação é diferente da outra, poderíamos especular por exemplo a interferência de seres de outros orbes, transporte de elementos orgânicos por cometas (seu núcleo gelado poderia conservar esses elementos até chegarem no seu destino), choque de astros, migração interplanetária, enfim, partindo do princípio de que a vida é uma regra e não uma exceção, fica fácil entender porque, a primeira vista, não é possível uma resposta objetiva à questão.
Outro ponto importante a se considerar é que a evolução dos seres ocorreria em vários níveis dimensionais e não apenas por seleção natural como querem alguns. Os animais por exemplo teriam, cada espécie, sua própria “alma grupo”, um repositório de informações que num dado momento, ao alcançar a massa crítica, impulsionaria a “materialização” de um tipo mais adaptado, resultado da soma das experiências do grupo. (Recomendo a leitura da Teoria dos Campos Mórficos de Rupert Sheldrake)
Com o homem não seria diferente, exceto pelo fato de que em nós está desperta a autoconsciência, ou seja, a capacidade de se distinguir de outros indivíduos da mesma espécie, ou seja, de possuir um ego.
HPB acreditava que a humanidade é composta por remanescentes de várias raças-raízes e sub-raças, algumas já extintas, outras estariam em formação.
Em resumo, a antropogênese defendida por Blavatsky constituía a seguinte classificação:
1ª Raça Raiz: ou raça lunar, viveu no Pólo Norte, então habitável;
2ª Raça Raiz: ou raça etérica, viveu mais ao sudoeste do pólo norte no período Devoniano (onde os gregos diziam ser a morada do Deus Apolo);
3ª Raça Raiz: raça lemuriana, porque viveu na Lemúria. Os seres desta raça eram gigantescos, não tinham estrutura óssea mas cartilaginosa. Sua 3ª sub-raça tinha indivíduos de 4 metros e eram hermafroditas; só na quinta sub-raça houve a diferenciação dos sexos;
Lemuriano
4ª raça: Foram os atlantes, cujo continente desapareceu no período Mioceno. A ilha Poseidonis, mencionada por Platão e que afundou em 9564 a.C, fazia parte deste continente. Da Atlântida são remanescentes os toltecas, turanianos, semitas, acadianos e mongóis;
5ª raça: A raça ariana seria constituída dos povos hindus, egípcios, árabes, persas, celtas e teutões.
Deve-se levar em consideração que a Doutrina Secreta foi escrita, numa época de forte preconceito racial, a escravidão estava sendo banida sob protestos dos mais conservadores e muitos cientistas estavam tentando criar uma teoria que justificasse a opressão de povos menos desenvolvidos.
Por outro lado, graças ao empenho e a coragem daqueles teófosos é que hoje temos acesso a muitas informações que estavam guardadas nos recantos mais remotos do oriente. Sobre a veracidade e exatidão desse conhecimento só o tempo poderá confirmar.
Agradeço aos que chegaram até aqui. Abraço fraterno!
Jorge Melo, 39 anos
Estudante de Teosofia
Pesquisador na área do autoconhecimento

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